Ano: 2007 / Páginas: 480
Editora: Intrínseca

Sinopse: Ao perceber que a pequena Liesel Meminger, uma ladra de livros, lhe escapa, a Morte afeiçoa-se à menina e rastreia suas pegadas de 1939 a 1943. A mãe comunista, perseguida pelo nazismo, envia Liesel e o irmão para o subúrbio pobre de uma cidade alemã, onde um casal se dispõe a adotá-los por dinheiro. O garoto morre no trajeto e é enterrado por um coveiro que deixa cair um livro na neve. É o primeiro de uma série que a menina vai surrupiar ao longo dos anos. O único vínculo com a família é esta obra, que ela ainda não sabe ler. Assombrada por pesadelos, ela compensa o medo e a solidão das noites com a conivência do pai adotivo, um pintor de parede bonachão que lhe dá lições de leitura. Alfabetizada sob vistas grossas da madrasta, Liesel canaliza urgências para a literatura. Em tempos de livros incendiados, ela os furta, ou os lê na biblioteca do prefeito da cidade. A vida ao redor é a pseudo-realidade criada em torno do culto a Hitler na Segunda Guerra. Ela assiste à eufórica celebração do aniversário do Führer pela vizinhança. Teme a dona da loja da esquina, colaboradora do Terceiro Reich. Faz amizade com um garoto obrigado a integrar a Juventude Hitlerista. E ajuda o pai a esconder no porão um judeu que escreve livros artesanais para contar a sua parte naquela História.

 Avaliação:


  O livro A Menina que Roubava Livros do australiano Markus Frank Zusak é atualmente um fenômeno mundial. Publicada em 2005 com o título original The Book Thief, a obra já foi traduzido para mais de 40 idiomas e possui uma adaptação cinematográfica. Sua temática é a Alemanha nazista durante as décadas de 1930 e 40, mostrando um grande conhecimento do autor sobre a forma como o regime de Hitler afetou a vida alemã e mundial.

  A obra é narrada pela Morte, que cria certa fascinação e curiosidade pela humana Liesel Meminger após encontra-la três vezes em sua jornada de recolhimento de almas. Em nenhuma dessas vezes é a hora de levar Liesel, mas sim alguma pessoa próxima da menina. E ao encontrar o livro escrito por ela, que narra sua vida entre os anos de 1939 e 1943, a Morte entende e passa a nos contar como Liesel conseguiu sobreviver ao período de horror que vivia: com amor e palavras. 
 


"SETEMBRO-NOVEMBRO DE 1939
1. Começou a Segunda Guerra Mundial.
2. Liesel Meminger tornou-se campeã peso-pesado do pátio da escola."


  Somos apresentados à vida de uma garota que passou a perder tudo que lhe importava quando Hitler começou a usar das palavras para disseminar o ódio e a morte. Como sua família era comunista, sua mãe precisou entregar ela e seu irmão para uma família adotiva. Porém, antes mesmo que isto aconteça, o irmão de Liesel morre de fome. E essa é sua primeira perda para o nazismo.

  Logo depois, perde o contato total com sua mãe e passa a viver com Hans e Rosa, seus pais adotivos. Precisa frequentar a escola e manifestar seu amor e apoio a Hitler em cada cumprimento, em cada roupa que usa. E a maneira que encontra de suportar os anos difíceis é aprendendo a ler e a escrever com seu novo pai, além de se divertir roubando comida e livros com seu amigo e vizinho Rudy. A calmaria, porém, dura pouco. A vida de Liesel complica com o início da guerra e com um judeu batendo em sua casa pedindo abrigo.



“Provavelmente, é lícito dizer que em todos os anos do império de Hitler nenhuma pessoa pôde servir ao Fuhrer com tanto lealdade quanto eu. (A Morte)”



  Ao longo da narrativa, somos apresentados a vários personagens que representam o povo alemão da época. Havia aqueles que criam fielmente nas palavras de Hitler e expressavam seu patriotismo constantemente. Havia aqueles que detestavam o ódio, mas precisavam tomar cuidado para não manifestar sua oposição ao regime sob pena de se tornarem tão inimigos quanto os judeus. Haviam também aqueles que não se importavam, que somente queriam sobreviver mais um dia. Mas não importava quem fossem, a Morte os encontrava também por causa da guerra, do regime ou da fome.

  Lemos também sobre as cerimônias nazistas obrigatórias, sobre a queima de livros, os desfiles públicos dos judeus presos e os bombardeios de inocentes ao redor do mundo. O autor conta em entrevistas que somente pôde descrever essas cenas com clareza depois de ouvir o testemunho de sua mãe, que viveu na Alemanha na época da Segunda Guerra Mundial. 



 “Os rostos sofredores de homens e mulheres esgotados estendiam-se para eles, implorando não tanto ajuda – já haviam ultrapassado essa fase -  , mas uma explicação. Apenas alguma coisa que diminuísse aquela perplexidade. Havia estrelas de Davi coladas em suas camisas, e a desgraça prendia-se a eles como que por designação. “Não te esqueças da tua miséria.”



  É uma obra envolvente, rica em detalhes históricos e sensível às misérias humanas do período do Nazismo. Revoluciona por apresentar o ponto de vista alemão, já que a maioria das obras sobre o assunto abordam somente o sofrimento dos judeus e comunistas. O que faz parecer que a população da Alemanha não sofreu com Hitler também.

  A Menina que Roubava Livros agrada não somente aqueles que apreciam uma boa história e uma narrativa bem trabalhada, mas também aqueles que buscam conhecimento sobre o assunto. E, apesar de conter um assunto tenso, é uma obra que me fez sorrir pela simplicidade da vida.  
 


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