Os céus se fecharam hoje à noite. As gotas grossas se chocam agora contra minha janela e o céu fica branco por um instante.Pego minha coberta e sento na sacada.
"Será que mais alguém aproveita desta trégua? Será que alguém mais vê esse presente dos céus?"
O cheiro de renovo adentra minha alma. Sinto a calmaria chegando. É como se a água lavasse minhas preocupações e massageasse meu pescoço, mesmo sem me tocar.
Lá embaixo, o barulho dos carros não cessa na rua. Muito menos a quantidade de pessoas apressadas e ocupadas com seus celulares na calçada.
Eles continuam andando apressados. Eles não param por ela, pelo descanso. Eles não percebem o remédio natural vindo dos céus.
Mas eu sim. O ar tem gosto de paz, de contentamento.
Não me importo de ter alguns programas frustrados. Nem mesmo me importaria se houvesse chuva no paraíso.
Pois o gotejar leve me lembra que tudo na vida tem um ciclo. Há tempo de plantar, e tempo de colher. Há tempos de chorar e há tempos de rir. Há o sol e depois a chuva. O calor e então o refrigério.
Hoje é refrigério. Hoje é descanso. Hoje é solitude. E eu vou aproveitar disto. Vou me deleitar. Vou deixar a chuva me acariciar.
 


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